Antes do uso intensivo que agora se faz dos adubos químicos, a fertilização das terras era conseguida com produtos do mar: o sargaço e o pilado.
O sargaço são algas que, com a agitação das águas, mormente nas marés vivas, se desprendem do fundo do mar e as correntes arrastam para a costa.
Em Aver-o-mar e na Apúlia ainda hoje se vê, embora em menor número que antigamente, mulheres metidas na água até à cintura, as sargaceiras, na tarefa da recolha de algas (daqui a designação de algaço - ou argaço, sua corruptela - que também se dá ao sargaço).
Não há horas para esta tarefa. Desde que o estado do mar o permita, as mulheres metem-se à água, de noite ou de dia, afadigadas na custosa lida.
Para apanhar as algas, as sargaceiras usam o ganha-pão, instrumento constituído por uma longa vara de pau na extremidade da qual há um largo aro que sustenta um saco feito de rede.
O comprimento da vara permite alcançar uma maior área para recolha das algas que flutuam na água.
Quando o saco está cheio, a sargaceira põe o ganha-pão sobre o ombro e, ajoujada sob a carga daquela quantidade de algas a que a água que contêm dá ainda maior peso, sobe penosamente a língua da maré para depositar o produto cá em cima, no areal. Voltam, então, a meter-se de novo na água prosseguindo a apanha.
No areal o sargaço é estendido em camadas pouco espessas, para secar ao sol, formando quadriláteros a que chamam “camas”. Uma vez seco é recolhido e levado para os campos para adubar as terras.
Quando há muita abundância, o sargaço é guardado, amontoado em círculos sobrepostos, protegido na parte de cima por palha e pano de oleado. Toma, assim, o aspecto de redondas cabanas africanas, que ainda recentemente era possível ver em Aver-o-mar.
Sargassum C. Agardh é um gênero de algas castanhas (divisão Phaeophyta) com distribuição tropical e subtropical em todos os oceanos.
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