domingo, 25 de março de 2012


Praia de Banhos - Póvoa de Varzim








As águas particularmente ricas em iodo da Póvoa, derivada do elevado número de algas que aportam nas praias poveiras, levam que, a partir de 1725, monges beneditinos percorram distâncias para tomar os "banhos da Póboa", em busca do iodo, considerado vigorante, e curas para problemas de pele e ossos através de banhos de mar e sol. Ao longo do século XVIII já outras populações se deslocavam à Póvoa com o mesmo propósito.

A partir do século XIX, a afluência intensificou-se sobretudo entre as classes abastadas do Entre-Douro-e-Minho, levando a tomar feição cosmopolita, à afirmação da Burguesia no Centro da cidade e ao desenvolvimento do lazer. Surgem vários hotéis, teatros e salas de jogo. Tornava-se então no mais popular destino de férias do Norte de Portugal, o que leva a que investidores privados criem ligações ferroviárias com o Porto em 1875 e com o Baixo Minho em 1878.

A Póvoa não era apenas conhecida por ser uma estância balnear, mas também pelos balneários de "Banhos Quentes". O primeiro balneário de praia da Póvoa foi o Oceania que abriu na Avenida dos Banhos entre a Esplanda do Carvalhido e o Café Guarda-sol, a entrada era pela Rua do Ramalhão, 13. Depois desse abriram o Balneário Povoense na Rua Tenente Valadim, junto ao actual Casino, e o Balneário Lusitano no Passeio Alegre. Ainda hoje na crença popular poveira acredita-se que a água do mar tem efeitos benéficos, especialmente quando a maré estiver baixa, existindo proverbios populares, como Quando a maré estiver baixa, toma um banho e mete-te na cama ou Quando a maré estiver baixa, lava a tua chaga e ficará curada.

Em 1875, o julgado da Póvoa é elevada a comarca no dia 16 de Junho. Esteve na Póvoa hospedado o ex-Rei Carlos Alberto da Sardenha, com quatro outras personalidades, ali tinham chegado a 18 de Abril de 1849, depois de ter perdido a Batalha de Novara e abdicado a coroa para o príncipe real Vítor Manuel, que se tornou Rei de Itália. A Póvoa de Varzim esteve envolvida na Revolta de 31 de Janeiro de 1891 albergando e dando fuga para Espanha, num barco poveiro, a Alves da Veiga. No entanto, a implantação da República em 1910 foi polémica, não foi bem aceite por parte da população caracteristicamente religiosa e ligada às tradições, tendo o representante da república que se abrigar da população em fúria no Palacete do Postiga (actual edifício da Polícia de Segurança Pública), no entanto outros populares celebraram a chegada da República pelas ruas da cidade.

O desenvolvimento da pescas no século XVII, da talassoterapia nos século XVIII e do lazer balnear no XIX, levam a que a Póvoa, no início do século XX fosse já maior que muitas das cidades portuguesas, referindo-se por isso, por vezes, como "vila-cidade". O vilacondense e poverista Baptista de Lima, aquando da elevação da vila vizinha de Barcelos em 1928, promove também a alteração do estatuto de "vila" para "cidade" à Póvoa de Varzim. No entanto, encontrou a oposição de outros poveiros que viram nisso desvantagens.

Salazar apreciava a Póvoa de Varzim e as suas gentes e tornou conhecido em todo o país a figura do Cego do Maio através de um texto na Cartilha da 4.ª classe, mitificando a dignidade e a coragem do pescador simples da região. Salazar era visita frequente de algumas famílias locais, com Virgínia Campos, com a benemérita Maria da Paz Varzim e a família Amaral. Eram vistas com frequência altas figuras do regime na histórica Ourivesaria Gomes da Rua da Junqueira.

A massificação do turismo balnear, para o povo e agora não apenas para as elites, entre os anos 1930 e 60 levaram a um novo desenvolvimento urbanístico, que ultimou na atribuição do estatuto de cidade à Póvoa em 16 de Junho de 1973, através do decreto 310/73. É durante o Estado Novo que é finalmente construído o porto de abrigo por toda a Enseada da Póvoa.


2 comentários:

mfc disse...

Que saudades desta Póvoa sempre linda!!

Anónimo disse...

Ainda ha quem diga que Salazar e Virginia Campos eram amantes. Sera???

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