A pesca do Bacalhau com dóris
Os dóris eram pequenos botes de madeira com fundo chato que se deslocavam a remos ou à vela e a viagem até à Terra Nova iam empilhados no convés.
Pouco depois da partida, fazia-se um sorteio para que cada homem soubesse qual era o seu. O contramestre podia escolher. Os outros ficavam com o que lhes calhasse. Uns dias antes de se iniciar a pesca, cada homem preparava o seu dóri.
A pesca do bacalhau era a actividade solitária. Os dóris eram colocados na água e cada pescador partia sozinho em busca de um local onde lançar as linhas. Para se orientarem, dispunham de uma bússola. Os " verdes " de início pescavam ao lado de um " maduro " que lhes ensinava a arte.
A peca era feita com 20 linhas ligadas entre si formando aquilo a que se chamava um " trol ". O " trol ". levava mil anzóis com iscos que podiam ser lulas, sardinhas, vísceras de cagarras ou de outras aves marinhas.
O pescador lançava o " trol " ao mar com uma pequena âncora de quatro unhas chamada " grampolim ". Enquanto esperava, o pescador aproveitava o tempo para pescar também com uma linha que segurava na mão enrolada numa argola de borracha - " a nepa ". Ao fim da tarde recolhia os peixes que tinham mordido os iscos do " trol ", o que era uma tarefa exaustiva por haver muitos bacalhaus e, de uma maneira geral, pesadíssimos.
No fim do dia de trabalho, o navio - mãe tocava um sino ou uma sirene e então os dóris regressavam. Os bacalhaus eram descarregados no convés e aí começavam a ser preparados para salgar nos porões.
Os pescadores sofriam com o frio e corriam grandes riscos porque na zona da Terra Nova e da Gronelândia há tempestade, nevoeiros, blocos de gelo à tona da água e icebergues.
No entanto, esforçavam-se por pescar muito pois ganhavam conforme o peixe que traziam para bordo.
A vida dos pescadores era dura e difícil mas eles orgulhavam-se da sua força, da sua resistência, da sua coragem.
Exemplar exposto no nosso Museu.