O Pescador Poveiro
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SÓ TENDO A MORTE QUASE CERTA É QUE O POVEIRO NÃO VAI AO MAR -
AQUI, O HOMEM É ACIMA DE TUDO PESCADOR
Depende
do mar e vive do mar: - diz-nos Raúl Brandão, cria-se no barco e
entranha-se de salitre. Desde que se mete a terra o poveiro
modifica-se; perde em agilidade e equilíbrio, hesita, balança-se,
não sabe onde pôr os pés.
Conheço esses homenzarrões
brancos e espessos, de cara rapada ou suiças, barrete na cabeça e
calça branca de lã, desde que me conheço. Iam dormir à Foz dentro
de lanchas e todas as tardes o moço passava à minha porta com o
barril da água à cabeça.
Dormiam no rio cobertos com a vela,
e primeiro que pregassem olho era um falatório que se ouvia em toda
a vila.
O pescador poveiro ignora tudo fora da sua profissão,
mas essa conhece-a como nenhum outro pescador. Sabe onde está o
banco da sardinha pelo vôo dos mascatos, que lá do alto cai a prumo
sobre o cardume; quando ela anda terrenha, isto é, perto da costa, e
torneira ou à flor das águas.
Sabe tudo do mar da Cartola que
dá a pescada, o da Ferralhuda, que dá à raia, o da gata, que dá
raia e cação, o Bianco, o Lameirão, etc.
Acima de tudo, está
Deus, e para eles o Senhor do Mar é que dá a fome e a fartura.
1 comentário:
Imagens de uma tipicidade linda!
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